quarta-feira, 23 de junho de 2010

Psiquiatria Ambulatorial

Na nossa especialidade, nos dias de hoje, 90% das atividades clínicas são desenvolvidas em nível ambulatorial. É onde a imensa maioria dos colegas trabalha, enfrentando as dificuldades inerentes à profissão, mas também inúmeras outras, relacionadas a condições de trabalho, disputas profissionais e desinformação.

No sistema público, com algumas louváveis exceções, a psiquiatria é exercida em rede de atendimento desbalanceada, com serviços insuficientes, como parte de atendimento multiprofissional excludente na medida em que a prática e as diversas atribuições do psiquiatra são menosprezadas. Enfrentamos também a multiplicação dos CAPSs, muitos dos quais têm problemas sérios, como mostrou a recente avaliação do Cremesp. Além disso, são serviços com custo-benefício questionável, cuja resolutividade não foi devidamente comprovada e onde o papel do psiquiatra é de mero prescritor.

Nos consultórios as condições de trabalho são melhores, mas sabemos das dificuldades para o exercício da psiquiatria de boa qualidade impostas pelos convênios e planos de saúde: baixa remuneração, restrição para marcação de consultas de seguimento, limitação de exames subsidiários e contratação de psicólogos para realizar psicoterapia, por exemplo.

Nestes dois ambientes, lidamos com a restrição de uso de medicamentos, tanto por portarias ultrapassadas quanto pelo preço proibitivo de alguns e qualidade questionável de outros.

Nosso grupo intensificará as campanhas de esclarecimento sobre saúde/doença mental e de valorização do psiquiatra. Continuará defendendo a efetiva implantação da Lei 10.216/2001, na qual se baseiam nossas "Diretrizes para um modelo de atenção integral em saúde mental", que serão revistas e atualizadas à luz das mudanças ocorridas desde sua publicação.

Adicionalmente, participaremos de ações voltadas para a melhoria da prática clínica no nível ambulatorial na rede pública, estimulando a criação de ambulatórios especializados setorizados, nos quais, como nos consultórios, o psiquiatra seja devidamente respeitado.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Federadas do interior de São Paulo declaram seu apoio

Praticamente todas as Federadas do interior de São Paulo apoiam nosso grupo na disputa pela Diretoria da ABP nas próximas eleições.

É o reconhecimento da seriedade e da eficiência com que a ABP tem sido conduzida, mas também o respeito à tentativa de atender à demanda de formar e valorizar novas lideranças.

Da mesmo forma, é um sinal de que nossas propostas de valorização da pequena ou média federada, como as de algumas cidades do interior de São Paulo e de outros estados, apoiando projetos selecionados dentre os apresentados à Diretoria, têm sentido. Nosso compromisso de investir em eventos micro-regionais (locais), temáticos, com a participação dos Departamentos, também foi bem aceito.

Mais uma vez aproveitamos para agradecer a confiança em nós depositada e renovar nosso compromisso de trabalho incessante por uma ABP de todos os psiquiatras.

domingo, 13 de junho de 2010

Apoio maciço das federadas da região Norte

Em São Luís, durante a Jornada Norte de Psiquiatria, recebemos a notícia de que as Federadas do Maranhão, do Pará e do Amazonas bem como os Núcleos da região apoiam nossa candidatura.

Os colegas com quem conversamos destacaram que a composição da chapa e a apresentação antecipada e amplamente divulgada de nossa proposta de trabalho são inovações importantes e positivas. Pela primeira vez um representante da região Norte integra chapa para Diretoria Executiva da ABP e houve renovação tão ampla da composição da chapa.

Aprovaram as medidas voltadas especificamente para sua região, visando a formação de especialistas, a resolução dos problemas da assistência aos pacientes com transtornos mentais e a melhoria das condições de trabalho.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ex-Diretores da ABP respondem (parte 2)

Seguem abaixo as considerações de Romildo Bueno, Rogério Aguiar e Luiz Salvador de Miranda Sá Júnior sobre a pergunta de Flávio Shansis.

"Creio que a pergunta do Flávio se prende mais ao histórico da ABP que às Diretorias própriamente ditas. No início, havia o Conselhão que escolhia entre seus membros um para exercer a presidência. Com a reforma de 1969, a Diretoria passou a ser eleita pela Assembléia Geral de Delegados e seu mandato foi estendido para 2 anos. A AGD, em não havendo proporcionalidade definida, era constituida pelos presidentes das federadas ou seus representantes - a representatividade era reduzida. Com a reforma de 1977, criaram-se as Secretarias Regionais, os delegados passaram a ser eleitos e seu número era proporcional aos dos associados quites e a proposta de eleições diretas foi derrotada ... em nome da democracia (se V. quiser, conversaremos sobre esse tópico ...).

De lá para cá, em nome de uma "agilidade administrativa", a Diretoria Executiva passou a agir editando portarias e resoluções ad referendum da AGD - a representatividade entrou novamente em baixa, principalmente por que as decisões da AGD não eram cumpridas e por que se editava uma resolução ad referendum dela própria, em um circulo viciante inescapável ...
Cada época tem sua história e cada história desencadeia várias estórias ...

Resta dizer que todos os mandatos foram legitimamente exercidos e que nem uma Diretoria, desde 1966, agiu deliberadamente para prejudicar ou diminuir a ABP, contraditórios são bons e devem ser estimulados ...

Romildo"



"Ocupei alguns cargos eletivos na ABP: membro do Conselho Fiscal, vice-presidente (92-95) e presidente (95-98). Também tenho sido eleito delegado do RS para participar das Assembléias Gerais, há vários anos.

Em todas essas atividades, concorri de acordo com os estatutos e regimentos da ABP, além dos das federadas.

O processo eleitoral da diretoria da ABP tem sido o de eleição indireta, como todos sabem. Há algumas formas diferentes de votação direta e indireta, seguidas em várias instituições. No campo médico brasileiro, por exemplo, todos os médicos votam diretamente a diretoria da AMB. Já no sistema dos Conselhos de Medicina, isto não é assim. Os médicos elegem diretamente os conselheiros dos CRMs dos seus Estados. Estes conselheiros, com mandato de cinco anos, elegem a diretoria entre si. Da mesma forma, o CFM. Cada Estado elege um conselheiro titular e um suplente para representar o seu Estado no CFM, não necessariamente um conselheiro do CRM, através do voto direto. Os conselheiros federais titulares elegem entre si a diretoria (presidente, etc.).

Na forma que se consolidou na ABP, fui eleito dentro das normas da instituição e a representei legal e legitimamente. A ABP se fortaleceu, cresceu, e voltou a debater com maior intensidade seu processo eleitoral, que já foi intensamente debatido há vários anos atrás.

Encaro tudo isto como um processo dinâmico e a discussão é legítima. Há vários anos atrás várias federadas (apenas uma por Estado, com exceção do RJ, SP e RS, por terem mais de uma fundadora da ABP) eram quase ou totalmente inexistentes. Os presidentes de federadas eram membros natos das Assembléias de Delegados. Depois, todos os delegados passaram a ser eleitos em seus Estados. Repito, é um processo dinâmico e histórico, em épocas diferentes. Que se discuta hoje em dia, novamente, se é a vontade dos associados ou de uma parte significativa deles.

Rogério Aguiar"


"Meu caro Flávio,

A balela de que a eleição direta é a única forma democrática de eleger dirigentes está muito difundida. Demais. Provavelmente porque a ditadura militar promovia SIMULACROS de eleições indiretas e isso ficou muito fixado na nossa consciência social.

Permito-me oferecer-lhe esclarecimentos sobre a matéria pela simpatia que lhe dedico e, sobretudo, pela amizade e camaradagem que me unia ao seu velho (cuja memória guardo com carinho):

1. Os métodos direto e indireto são reconhecidos como possíveis de serem democráticos (ou não, quando corrompidos). Não esqueça que Strossner e outros ditadores promoviam eleições diretas periodicamente e nem por isso eram democráticas. Na Europa preferem o método indireto na política do grande poder. Nos casos de pequeno poder, como é o que comentamos aqui, a questão depende da natureza e peculiaridade da instituição.

2. As eleiçoes na ABP são indiretas porque TODAS as assembléias gerais que ali se realizaram quiseram assim. E quiseram assim porque não queriam que a ABP se transformasse em uma entidade paulista, como a AMB e as sociedades de especialidade que adotam tal procedimento eleitoral. Caso haja eleições diretas na ABP, os associados das federadas pequenas e médias só poderão se destacar por favor ou algum conchavo (no mau sentido dessa palavra).

Nossas eleições são indiretas, como as do Conselho Federal de Medicina e seus conselhos regionais, porque esse método foi considerado pela maioria das suas federadas como o melhor, o mais justo e o mais democrático. Imagine o custo da campanha direta e quem mais, além do governo, teria condições para bancá-lo.

Abra os olhos, querido amigo.

Luiz Salvador"

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ex-Diretores da ABP respondem (parte 1)

Miguel Jorge, Miguel Adad e Marco Antonio Brasil, nesta ordem, foram os primeiros a responder ao questionamento feito pelo colega Flávio Shansis. Textualmente:

"Fui eleito sucessivamente Secretário Geral, Vice-Presidente e finalmente Presidente da ABP em eleições convocadas e realizadas de acordo com o previsto no Estatuto da Associação por vontade da imensa maioria dos delegados representando as federadas da ABP em todo o país. Não consigo entender como isto pudesse implicar em exercício ilegítimo ou autoritário das atribuições atinentes a cada um destes cargos. Pelo contrário, sempre primei pela postura democrática e creio que os mandatos por mim exercidos e o reconhecimento por parte dos associados não apenas do que realizei como também pela forma como me comportei como Diretor da ABP são o melhor testemunho disto.

Miguel Jorge"


"Tendo participado durante 3 anos como secretário geral da Diretoria anterior da ABP, não me sinto ter exercido ilegalmente esta função. Fui eleito pela instância maior da ABP que é sua Assembléia Geral de Delegados e esta está respaldada pelo estatuto e regimento interno que lhe dá legitimidade e poder para assim agir. Aliás, o estatuto não fala em eleições diretas.

Miguel Adad"


"Desde que iniciei minha participação na ABP as diretorias foram eleitas pelo voto secreto dos delegados legitimamente eleitos pelas federadas que compõem a nossa associação. A demanda pela mudança do sistema eleitoral não pode ser feita na base de questionar a legitimidade do que até agora foi o processo adotado para a eleição.

Marco Antonio Brasil"



terça-feira, 1 de junho de 2010

Secretários Regionais

Os Secretários Regionais fazem parte da Diretoria Plena da ABP. Em tese seriam o canal de comunicação das federadas de sua região com a Diretoria Executiva, mas têm tido participação menor do que a desejada.

Se for eleito, pretendemos mudar essa prática. Juntamente com Fernando Grilo Gomes e Eugênio de Moura Campos, respectivamente candidatos a Primeiro e Segundo Secretários da ABP, a idéia é fazer reuniões regulares via internet com cada Secretário Regional para que as ações sejam sincronizadas, com melhor aproveitamento dos recursos e visando diminuir falhas na comunicação.

Ainda é comum, apesar de todos os esforços, nos depararmos com jornadas locais e regionais marcadas em datas muito próximas, competindo entre si. Em alguns casos houve até cancelamento de eventos em função disso. Um contato mais estreito diminuirá a chance destes desencontros.

As diferentes regiões do país têm capacidades e carências distintas, fato que muitas vezes cria verdadeiros paradoxos: o que falta em uma sobra noutra, o que é problema em uma seria solução noutra. Ninguém melhor do que os Secretários Regionais para apresentar o panorama geral como também as vicissitudes de certos locais de sua região.

Sua participação mais ativa, como desejamos que seja, permitirá a necessária adequação das ações nacionais à realidade regional, aumentando sua eficácia e abrangência.