quarta-feira, 28 de julho de 2010

Respeito é bom e eu gosto!

Os resultados da primeira enquete (ver Post "Enquete 1") é muito claro: para 88% dos participantes os principais problemas enfrentados pelos psiquiatras atualmente são as más condições de trabalho (no setor público e nos convênios) e o desrespeito à sua prática nas políticas públicas. Ambos têm a ver com a depreciação da nossa prática em diversos ambientes e instâncias.

A prática psiquiátrica atual tem peculiaridades que a tornam até insalubre. Dificuldade para marcação de consultas em intervalos apropriados para o seguimento dos pacientes, restrições para solicitação de exames complementares, tensões envolvendo profissionais de outras áreas, baixa remuneração, ausência de rede assistencial e limitação de opções terapêuticas, dentre outras.

Nas políticas públicas de saúde mental, então, é ainda mais patente e explícito a falta de consideração. Em outros países em que também houve o movimento de reforma da assistência psiquiátrica é inconcebível a ausência do médico especialista nas discussões.

O Conselho Nacional de Saúde transformou-se numa grande assembléia na qual prevalece a vontade dos "representantes de movimentos sociais", maioria absoluta, independente da análise técnica das proposições. Daí o tom e as resoluções da IV Conferência Nacional de Saúde Mental, organizada e conduzida por Comissão aprovada pela CNS. Deu no que deu! (Ver post "Termina a IV Conferência de Saúde Mental")

Nós psiquiatras temos a dizer, detemos conhecimento técnico que nos é privativo e podemos colaborar, desde que seriedade e respeito pautem a discussão. Já que o contato com o executivo é difícil, a saída parece ser o contato com congressistas, buscando a concretização de nossas propostas por meio de lei.



sexta-feira, 23 de julho de 2010

Processo transparente

Desde que apresentamos nossa chapa para concorrer à Diretoria da ABP e abrimos este espaço de discussão percebemos que, como nós, muitos colegas pensam que chegou o momento de avaliar o atual processo eleitoral. Já nos posicionamos claramente a esse respeito (Ver Post "Eleições Diretas?"). Caso sejamos eleitos, vamos estimular o debate sobre este e outros temas relacionados.

Mudanças, no entanto, dependem de revisão do Estatuto e Regimento. Estamos dispostos, se eleitos, a promover essa revisão. Mesmo respeitando-se os regulamentos vigentes podemos (os envolvidos e interessados nesse processo) oferecer alguns avanços imediatamente. Basta vontade e responsabilidade.

Segundo o Regimento da ABP, a inscrição das chapas completas para Diretoria deve ser feita até 15 dias antes da Assembléia Geral de Delegados. É um período muito curto para que os colegas avaliem as propostas e o perfil dos postulantes aos cargos. A verdadeira democracia se exerce à custa do debate de idéias e diferenças que refina e aperfeiçoa as ações. Mas, para isso, transparência é absolutamente necessária.

Por isso nos antecipamos e lançamos nossa candidatura em abril de 2010. Apresentamo-nos para discutir, ouvir as sugestões e críticas dos associados à nossa proposta de trabalho e sermos questionados. Acreditamos com isso colaborar para o aperfeiçoamento do processo eleitoral sem ferir as normas da Associação.

É importante que aqueles que legitimamente desejam disputar essa eleição se apresentem. Isso é fundamental para que os colegas tenham subsídios para definir um voto consciente a favor da psiquiatria, dos psiquiatras e, portanto, dos pacientes.

Não existe democracia sem informação.

Enquete 1 encerrada

Encerramos a primeira enquete do blog. O resultado foi o seguinte:

Qual o principal problema enfrentado pelos psiquiatras atualmente?

52% - Más condições de trabalho (no setor público e nos convênios)

36% - Desrespeito à sua prática nas políticas públicas

5% - Estigma

5% - Dificuldades para se manter atualizado

Agradecemos aos 140 colegas que participaram. Nos próximos dias publicaremos uma análise desses resultados. Depois, nova enquete será colocada no ar.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Enquete 1

Publicamos hoje a primeira enquete do blog. Essa nova ferramenta vai possibilitar comunicação mais abrangente, direta e aberta com os colegas.

Nesse nosso espaço, além de apresentar as propostas da chapa "ABP de Todos os Psiquiatras: Democracia e Trabalho", queremos conhecer as aspirações dos psiquiatras. Elas serão levadas em conta na formulação de ações que vão ao seu encontro.

Nos próximos meses vamos propor outras questões para discussão. Para participar veja a pergunta à direita e escolha a resposta. Também não hesite em sugerir temas.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Chalub aceita o convite para Secretário Regional Sudeste

Miguel Chalub, cujo nome dispensa apresentações por ser conhecido e respeitado em todo Brasil, não só no meio psiquiátrico, aceitou o convite para candidatar-se a Secretário Regional Sudeste pela chapa "ABP de Todos os Psiquiatras: Democracia e Trabalho". Tal fato é mais uma demonstração da seriedade do nosso grupo.

Radicado no Rio de Janeiro, é Professor Adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Médico da Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Estado do Rio de Janeiro, atuando principalmente nas áreas de Psiquiatria, Psiquiatria legal e Psiquiatria criminal.

É uma honra tê-lo como colaborador ativo. Sua experiência, cultura humanística e competência serão de extrema valia na condução da ABP nos próximos anos.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Termina a IV Conferência Nacional de Saúde Mental

Um final previsível. O circo foi armado, com script pronto e os principais “atores” estavam muito bem ensaiados. Os coadjuvantes serviram apenas para referendar e dar credibilidade às propostas aprovadas. Foi uma armação perversa: para participar, as regras são essas. Se não estiver presente, não tem direito a reclamação.

E ainda tivemos que escutar do Ministro Temporão, calados, sob risco de “vestir a carapuça”, que o avanço da reforma se deu apesar dos que a queriam “estancar”. Evidente que se referia a nós, psiquiatras.

A aprovação unânime de que a Lei 10.216/2001 não deve sofrer modificações é animadora na medida em que permite a continuidade da cobrança para sua implantação de fato.

Os psiquiatras continuam desvalorizados no esquema de assistência aos pacientes com transtornos mentais montado pela Coordenadoria de Saúde Mental do Ministério da Saúde. Os recursos continuarão sendo pulverizados em ações de "reabilitação social" e não investidos com base nas necessidades prioritárias dos pacientes e na efetividade dos recursos terapêuticos, critérios que inevitavelmente incluem a prática psiquiátrica.

A tão falada proposta de grupos de ajuda mútua, sem uma definição do que são exatamente nem de como serão desenvolvidos, mais uma vez escamoteia o psiquiatra.

Vamos continuar vendo a expansão da rede de CAPS, apesar das falhas e deficiências deste serviço – vide publicação recente do CREMESP. Insiste-se que esse dispositivo dá conta das necessidades diversas dos pacientes com transtornos mentais.

Pouco se falou sobre as unidades psiquiátricas em hospital geral, alternativa terapêutica mais indicada para o atendimento de pacientes com problemas agudos relacionados ao uso de substâncias, cujo número aumenta exponencialmente. Não há como comparar a assistência possível em um CAPS III, aberração imposta pelos ideólogos do sistema, ao que se deveria ser feito de acordo com os padrões da boa prática clínica.

Como o relatório final da Conferência deverá balizar as novas ações da Política Nacional de Saúde Mental temos uma prévia do que está por vir. É lamentável que não esteja nos planos do Governo a implantação de rede completa de serviços para assistência dos pacientes com transtornos mentais. Mais um vez, eles serão os mais prejudicados.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A formação de psiquiatras no Pará: situação e perspectivas

A saúde e a doença mental desafiam permanentemente os médicos psiquiatras, exigindo sólida formação na área médica e na compreensão dos problemas humanos, códigos culturais e determinantes sócio-econômicos.

No Pará, a única Residência Médica em Psiquiatria está na Fundação Pública Estadual Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (FHCGV), na cidade de Belém. Iniciada em 2003, está em fase de ampliação planejada a fim de dar conta de formar novos especialistas para atuarem no Pará, na região amazônica e nos estados vizinhos. Conta com quatro vagas anuais, e se organiza para oferecer cinco vagas com o apoio do Programa de Formação de Especialistas do Ministério da Saúde e Ministério da Educação (Pró-Residência Médica).

A Psiquiatria no Pará tem três grandes desafios para os próximos anos:
1. Ampliação da Residência Médica da FHCGV, contemplada com bolsas federais.
2. Criar novos serviços terapêuticos integrados à rede de saúde mental pública e privada no Pará e região.
3. Incentivar a formação continuada com ênfase para os mestrados e doutorados visando maior capacitação e condições de habilitação para criação e captação de programas e recursos para a área.

O intercâmbio e a troca de experiências entre os seus estados e com estados de outras regiões é muito importante para a Psiquiatria na região norte do país. A Residência em Psiquiatria do Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, em Manaus, também foi contemplada com bolsas federais para a formação de psiquiatras. Em conjunto com a Residência Médica da FHCGV, ambas têm papel fundamental na difusão da boa prática psiquiátrica.

Finalmente, a iniciativa da ABP/UFRGS de desenvolver curso de extensão em psiquiatria em Rio Branco (AC) sem dúvida é inovadora e muito bem-vinda.

Benedito Paulo Bezerra

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Nordeste mantém tradição

Durante a Jornada Nordeste de Psiquiatria, em Teresina, como tem sido feito habitualmente por ocasião das eleições para a Diretoria, as Federadas da região referendaram um dos nomes indicados para a Secretaria Regional.

O escolhido foi Alexandre Nogueira, de Teresina. Colega experiente, estimado e admirado por todos, bastante atuante na vida associativa e liderança incansável na defesa do psiquiatra na região Nordeste, sem dúvida será um reforço e tanto para o nosso grupo.

Aproveitamos para agradecer o voto de confiança e as sugestões dos nossos colegas nordestinos para aprimoramento e detalhamento da proposta de trabalho para a próxima gestão. O apoio maciço das Federadas só faz aumentar nossa responsabilidade.

Foi enfatizada a importância dos Secretários Regionais na intermediação entre Diretoria Executiva e Federadas. Alexandre se mostrou disposto e preparado para essa função na região Nordeste.